(mi autoria, para minhas almas)
Chegou na cozinha discretamente, enquanto ela preparava o almoço do dia, com cuidado, já que tinha visita:
- Onde você estava?
A que estava cozinhando virou-se:
- Ai que susto! Vai pra lá querida, é surpresa o almoço...
- Onde você estava?
- Eu? Aqui oras, não quis te acordar, você estava em um sono tão bonito...
- Na verdade eu dizia aonde você estava, ou por onde andava, que demorei tanto pra te encontrar!
A que cozinhava parou, estava já olhando nos olhos da amiga, mas com mais profundidade. Os olhos molharam...
- Não chora amor! Falei algo errado?
- Não... é que eu me pegunto a mesma coisa...
Sorriu, colocou o frango para assar, pegou o vinho na mesa e duas taças:
- Vamos beber lá fora! Puxou a amiga.
Durante o vinho, que tomavam em silêncio, a que preparava o almoço (facilitando, a Ana) suspirou fortemente:
- Lembro no dia em que nos conhecemos, você tinha acabado de terminar um relacionamento, certo?
- Certo! Respondeu Lia.
- Faz o que, um mês já, né?
- Três semanas...e estranho, é como se já fizesse mais tempo, não sinto tanto mais!
Silêncio.
- Você acredita em almas gêmeas? Pergunta Lia.
- Ah, não sei...até hoje não encontrei o amor da minha vida...se bem que, não sinto tanta necessidade de encontrar agora, antes tinha, hoje não mais!
- Mas acredita que as almas gêmeas serão esses tais amores?
- Não sei...o que você acredita?
- Eu não sei...As vezes, agora na verdade, penso que encontrei, que abri os olhos e vi quem é minha alma gêmea.
- É linda? Quem é o bofe?
- Bofe nenhum amore - virou o rosto em direção a de Ana - é você! Antes que diga qualquer coisa, é que apesar do pouco tempo juntas, pouco tempo de amizade, não sei, algo maior nos conectou.
Ana encheu os olhos d'agua de novo.
- Como assim linda?
- Sabe Ana, sempre me magoaram, sempre desconfiei das pessoas, sempre demorei pra acostumar com elas... e você, com apenas um oi, um olhar, conseguiu transmitir uma segurança, como dissesse "Não tenha medo, estou aqui, e não vou embora". E ocorreu tudo tão natural, eu acho. Nunca senti isso por alguém. E não sei, procuram tanto sobre alma-gêmea, sobre a outra metade, e porque ela não pode ser um melhor amigo, um cachorro, ou simplesmente seus pais? Não sei porque, mas não preciso demais nada agora pra preencher meu coração, você já faz bem pra ele! O mundo anda tão complicado, e você amenizou por quase completo essa angústia em mim.
Ana abaixou a cabeça, Lia a levantou com as mãos.
- Quem é você, e como consegue fazer tão bem pra mim?
Ana sorriu, já com uma lágrima no rosto:
- Sou seu anjo, sua amiga, e estarei aqui, o tempo que for possível e intenso pra cuidar de você e só te fazer bem... fico feliz que nossa amizade esteje assim, mesmo que pouco tempo, consigo ter intimidade com você que não tenho com quem conheço há anos! Isso é alma gêmea?
- Sim, Ana, acho que é! Lia sorri.
- E se um dia distanciarmos? Você pretende voltar pra sua cidade não?
- A distância pouco importa. Estarei longe, mas levarei um pedaço de você, de sua lembrança, do seu olhar, do seu carinho para dentro de minha memória e dentro do coração; e pra você, a mesma coisa. Acho que almas gêmeas são assim: Não importa distância, diferenças: a gente se completa, e quando se separa, leva o melhor de cada uma pra ti! Quando o sentimento é bom ,a gente só cresce com isso!
- Exato! Ana limpa suas lágrimas.
- Vamos almoçar, amiga? Disse Lia, Já levantando e dando a mão a Ana.
- Vamos, amiga... é estranho te chamar de amiga, essa palavra parece que foi banalizada, muito usada...
- Então vamos se chamar de alma, que tal?
- Tudo bem, minha alma.
Entram, almoçam, e seguem seus dias, e por muito tempo, com a amizade fortalecendo a cada companheirismo.
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