quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A dança

(mi autoria)
(texto com possiveis alterações futuras, conforme o ritmo da dança)

I keep dancin' on my own - Robyn

Esse dia foi diferente pra Letícia. Sem vaidades, sem preocupações, sem medo. All-star, o mais usado possível; camisa grande, larga, e uma calça jeans confortável. Sozinha, vai ao clube mais perto. 
Dali olhou o movimento e sentiu olhares: todos estavam acompanhados, com amigos, amigas, namorados ou namoradas, ela estava com a melhor companhia aliás - ela mesma - mas ninguém nota isso, notava que ela estava sem alguém ao lado....alguém só.
Léti (assim refiro a ela) se hesitou um pouco, mas foi ao fechar um pouco os olhos que mudou de ideia.
Subiu as escadas do ambiente escuro, com luzes dançando junto aquela multidão, e por um momento tudo em sua volta ficou mais lento, mas delicioso, sensual, com aquelas pessoas unidas e pulando conforme a música. Aquela batida frenética começou a tomar conta de seu corpo, e as pessoas sensuais em sua volta foram sumindo, e, conforme sumião, seu corpo tomava conta daquele prazer que sua visão tinha, e que se transferiu pra alma.
Ali não tinha Letícia, nem Léti, nem alguma garota com problemas pessoais, financeiros, ou quaisquer outros.
Era uma alma que necessitava se expressar, sem depender de qualquer esteriótipo, de olhares, de julgamentos.
É uma alma que gritava por viver, por sua identidade.
E nada de ruim poderia abater aquele espírito; poderia cair o mundo, ele estaria ali, firme como nunca, como se fosse de titânio.
E ela se expressou ali, conforme ia até o chão, nos giros, nos passinhos, no balanço dos braços, do corpo que comandava.

Essa alma voltaria a sua rotina, mas quando quisesse se encontrar novamente, sabia o que fazer, sabia como chegar até ao seu eu verdadeiro e sentir o que é viver.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Feliz festas de fim de ano (?)

(mi autoria)

- Não sei o que me dá de verdade. Por 27 anos, procuro uma resposta pra isso...27? Tudo isso será? Não me lembro bem dessas festas quando pequena; achava que os dias eram apenas dias, sem virada, sem muita coisa especial. Acho que a partir dos meus 5, 6 anos, que notei a existência de uma época do ano em que ganhava presente sem ser seu aniversário. Sempre achei Papai Noel assustador, mas queria ver a árvore cheia de presentes, era....divertido (?!) Eram caixas embrulhadas, grandes, uma em cima da outra, e a maioria daquilo nem sinto mais o cheiro: ou doei, ou estragou. O importante é que por um bom tempo achava aquele período de comemoração maravilhoso, cheio de brilho, de harmonia, com músicas tocando na TV, no qual as pessoas cantavam de mãos dadas, se abraçando, sorrindo.    Mas - como sempre contrapondo - uma hora isso começou a me provocar, a não fazer bem (exatamente). Se aquilo era bom, então sou masoquista! Eu não via algo bom....e hoje ainda não vejo, enfim, não gosto de festas de fim de ano.
- Ahn? Do que está falando Fenanda?
- Que não gosto de festas de fim de ano! - Ela se ajeita sentada no chão, para se virar diante a Amiga - É tudo tããão...capitalista, tããão porco... É nascimento do menino Jesus para quem acredita, mas pergunta qual dessas pessoas que pregam isso, que vão nesse dia comemorar algo realmente referente à Jesus? Me diz? Quase ninguém! Maioria de embebeda, como nós duas agora, abraça e diz que ama à todos, deseja tudo de bom à todos, e isso repete-se agora no Ano Novo, mas para uns dias depois nem olhar mais na cara dessas pessoas, ou só arruma intrigas....serei mais clara: as pessoas são falsas, desejam as coisas da boca pra fora, por 'educação'; às vezes podemos até desejar de verdade, mas deixamos coisas menores e futéis entrarem primeiro em vez de recalcular, de aplicar essa 'pessoa modelo em fim de ano' para quando houver problema. Já reparou que só somos mais sensíveis e humildes e seilámaisoquedebom em festas de fim de ano? Porque não aplicamos isso ao ano todo? Qual o meu problema!
- Fer, relaxa. Está precipitando - antes de Fernanda voltar a falar, sua amiga complementa - nããão que você esteja errada, concordo aliás, mas pessoas são difíceis, e muitas nem pensam nisso, vivem dentro de um sistema, de uma rotina. Já que você quer ser diferente, seja, faça sua parte, mesmo recebendo pouco ou nada de volta, e será você com a sua conciência.
- Amiga, quantas coisas você realizou nesse ano que passou? Falo, de quando virou o ano e você fez promessas, cumpriu todas?
- Acho que nenhuma, Fer, exemplo é eu aqui com essa garrafa de vinho, virada desse ano falei que não beberia mais vinho...
- Então! Por quê não conseguimos cumprir?
- Penso, pelo menos por experiênciaminha, que é porque fazemos as promessas erradas, as iniciativas erradas. Exemplo, eu e o vinho: eu não estou dirigindo mesmo, nunca fui exagerada em beber, o que ia acrescentar na minha vida NUNCA MAIS beber vinho? Eu preciso fazer promessas que valem a pena também, que muda todo um modo de viver para melhor; nós não sabemos fazer promessas, não sabemos amar e sabemos muito menos ainda respeitar.
- Com certeza.... e o que estamos fazendo aqui, amiga?
- Vivendo, e aposte: muita gente queria tá aqui como a gente....desculpa tocar nesse assunto, mas...ainda fica lembrando dele?
- ......... lógico, todo dia.
- Não queria ser chata, mas eu imagino que se ele estivesse ainda entre nós, ia adorar festas de fim de ano, mesmo com promessas fúteis, promessas que futuramente não iremos cumprir, mesmo com a falsidade dos outros... todo mundo é falso ou já mentiu - e mente e mentirá ainda - o importante é fazer a sua parte, e ser o mais verdadeiro possível com quem  realmente quer ao seu lado.
Fernanda abaixou a cabeça:
- Tem razão....fim de ano é só uma marcação de tempo também, depende de nós quando '(re)começar' e fazer isso valer a pena. Não é o tempo que fará isso, é eu mesma -e isso parece coisa tosca de auto-ajuda-.
- Isso aí Fer, linda amiga! E parece um pouco filosofia e 'piegas' demais, mas é a verdade.

Ouve-se fogos, e Fernanda se aproxima da amiga:
- Ah amiga, um....uma feliz virada de ano. O que for pra ser conquistado será, e só te desejo o melhor, sem ser falsa.
- Eu também querida....desejo isso tudo em dobro.
Se abraçam.
-Quer falar feliz ano novo pra mais alguém? - pergunta amiga.
- Quero sim.
Fernanda pega a bolsa que estava ao chão, tira sua carteira e nela pega uma foto:
- Feliz ano novo, irmão. Esteja onde estiver, você está comigo, e desejo mais do que nunca sua infinita paz, e que não se preocupa comigo, ficarei bem.
Fernanda volta a amiga.
- Obrigada por me ouvir, mesmo que estamos um pouco alteradas...melhor voltarmos a festa, certo?
- Certo! - a amiga sorri.
- Um beijo pra selar o ano? - diz Fernanda com sorriso malicioso na cara.
- Com certeza! - responde a amiga, ao deboche.

As amigas se beijam e se abraçam por longo período. Se levantam do chão e volta ao sistema, a rotina, mas com uma certeza no coração de tentar fazer diferente, por elas e por quem elas amam.