terça-feira, 12 de junho de 2012

A valsa.

(mi autoria - ao som de At Last - Etta James)


-Posso ter a honra dessa dança?
E foi assim que encostou de leve seus dedos juntos a minha mão vazia, que passaram a sentir arrepios.


Uma dança? Só uma?
Dançaria a vida com você.
Mas bem...isso não se fala, então sorri como resposta.


Seria estranho ali, em um lugar qualquer, uma valsa.
Mas, sabe quando as pessoas vão sumindo?
Vão ficando transparente, e o que sobra é duas pessoas enamoradas?


Olhos. Olhar tão profundo que imagino ler uma alma.
Risadas bobas, uma palavra engraçada.
Só para abafar a tensão, a vontade de um beijo.


Encosto sua cabeça em meu ombro finalmente, os passos às vezes atrapalhavam, mas era um 'atralhado' bonito,
encaixava-se de qualquer forma, certo ou errado.


Encaixava perfeitamente.




-O que vem depois?
-Não sei, continuamos na dança, o que acha?
-Bem... é o que mais quero!


Mesmo embaralhada às vezes, era gostoso.
Era ingênuo, sincero.


Inocentes como crianças descobrindo o que te dão mais prazer no mundo.


Sua boca alcançou minha orelha:


-Quero descobrir o mundo com você.


...


Aí nesses momentos não se diz nada, apenas nos olhamos, e entendemos o recado:
Nos queremos, e queremos dançar conforme a música.
Seja rápida, lenta, confusa, gostosa.


Há harmonia entre nós, e isso basta.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Brisa #1


(m.a)


Vamos fugir para a lua, para a floresta,
Para a nossa ciranda de pequena!
Sentir um pouco de tontura boa, e olhar para cima 
Se encontrar com as estrelas
E notar que elas estão ali para te iluminar!


E se possível, vamos alcançá-las!
Vamos pular de cometa em cometa, vamos conhecer outros planetas;
Povos diferentes, línguas engraçadas!


Podem me chamar de doida, mas chamo isso de querer viver;
Viver sem mal no coração, viver para distribuir sorrisos e fazer da vida algo preciosa e bonita, que ela já é, mas raramente notamos sua importância.


=)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Re.


(m.a)

Quando se trata de recomeçar, tudo vira um desafio.

Acham que é fácil tomar um novo rumo da vida, com novos conceitos, novas pessoas ao redor... mas não é; ainda mais quando sai de uma zona de conforto que durou anos.
Não é fácil e, além do mais, às vezes dói. Dói aceitar que aquilo não é mais pra você, algo que antes você não conseguia visualizar fora da sua vida, mas hoje não faz mais sentido e então você precisa seguir em frente.
É como (brutalmente) abandonar uma droga. Te fez bem por um tempo, te deu um certo prazer, mas chegou o momento em que começa a dificultar sua vida, e ao notar que você pode não conseguir mais sair disso, toma a decisão brusca em abandonar aquilo e recomeçar. Do começo, que fique claro. Aí no começo você às vezes se debate, sente falta, uma ‘abstinência’ louca, sofre; aos poucos nota que vai melhorando, mas as lembranças do que aquilo te fez sentir vem à tona; mas melhora com o tempo, e quando digo tempo, não é um dia, um mês...pode levar um ano ou mais.
O segredo (quem sou eu pra saber de fórmulas? Humilde pobre-defeituoso humano... mas vamos lá!), diria, está no foco e na aceitação. Concordar, primeiro, que tudo em que um dia começou termina, seja em poucos meses ou em anos, seja por um fim de uma vida ou por não fazer parte mais daquele cotidiano; termina. Saber também que o mundo não é tranquilo, que as coisas novas não reaparecem assim em um estralar de dedos: às vezes pra recomeçar temos que ter paciência (muita), e óbvio, não ficar sentado.
Ainda não imagino o que acontece quando concluí o recomeço e se encaixa novamente em um lugar, em uma história; sabe-se apenas que se um dia não fizer mais parte disso, que pelo menos permaneça uma coisa: o respeito, um olhar para aquele fim de que ‘pelo menos me serviu algo de bom’, seja para valorizar a vida, seja para saber que há coisas boas (ou más) no mundo. Mas de tudo se aprende algo, e se errar, o recomeço está aí, com mais um oportunidade de acertar (ou errar novamente, até acertar).

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Tá a fim de um Romance, que seja com um (clássico) livro.


(mi autoria)
Se for pra querer um amor,
Quero compará-lo a um clássico livro:
Poderia ser um Dom Quixote,
Um Brás Cubas ou um O Cortiço.

Experimentaria suas aventuras,
Decifraria seus medos;
Me identificaria com alguns conceitos,
Outros eu reprovaria.

Às vezes teria o vício de querer continua com ela em minha mãos;
Às vezes seria necessário abandonar, seja por um tempo,
Seja por compromissos.

Mas, tão rápido e certeiro, voltaria ao seu mundo encantado,
E a cada nova abertura desse envolvimento,

Um novo descobrimento
[Ou um mesmo descobrimento, porém mais fascinante como antes!]

E não importa quantas vezes ‘leria’ aquela pessoa,
Toda volta a ela me traria novos conceitos, sentimentos,
Novas borboletas no estomago.

E o melhor de tudo: como qualquer clássico, seria atemporal,
Teria significado ontem, hoje e sempre!

Cansei de amores Best-sellers, que sua importância passa ligeiro como veio;
Cansei de amores de Autoajuda, que tentar mostrar caminhos mastigados
[e que nem sempre traz resultados];
Quero um amor clássico, com uma Divina Comédia, com reflexões Camonianas,
Com mistérios Kafkanianos;

Se for pra ser amor então, que seja como os clássicos livros.

domingo, 18 de março de 2012

-Des-ciclo da Vida.

(mi autoria)

Quando pequeno aprendi que o ciclo da vida é

Nascer, Crescer, Reproduzir, e, em paz (ou não), falecer.

Dessas quatro etapas, três são inevitáveis se conseguimos sobreviver: nascemos; se sobrevivemos, crescemos, mas uma hora paramos de sobreviver.
Agora reproduzir...
Todos pensam: é reproduzir pessoas! Coisa natural do ser humano.
Mas eu conheço a sociedade, ela quer também que reproduzimos materiais, produtos, consumos, vícios, e se possível, reproduzimos apenas aquilo que é permitido, que não choque, não faça refletir.
Que reproduzimos muito dinheiro; que temos muito dele, que vivemos por ele.

Eu decido reproduzir então outras coisas:
Reproduzir menos dinheiro, reproduzir mais simplicidade;
Reproduzir-me numa cama menor, onde posso ficar mais perto de você;
Reproduzir carinho, ternura, e se possível, uma sabedoria do tipo que vale a pena;
Reproduzir tranquilidade, numa cadeira de praia, assistindo ao pôr-do-sol;
Reproduzir um mundo diferente, e diferente para melhor.

Desesciclo a Vida, e proponha a ela um ciclo mais interessante, que não fica no que vai-e-volta, e sim que tenha um ESCAPE para algo mais sensato.

Joaquina, qual seu verdadeiro nome? Qual sua verdadeira ira?

(mi autoria) - Baseado em uma notícia de jornal.
"É duro tanto ter que caminhar e dar muito mais do que receber"  (Zé Ramalho)



Quando estava para nascer, os pais ainda tinham dúvidas em que nome colocar. Maria? Ana? Qual será seu nome? Foram então atrás da bíblia, de numerologias, de tudo qualquer coisa que mostrasse algum nome com energia positiva.
Ficou Joaquina.
O nome Joaquina era engraçado. Quando se apresentava e falava seu nome, as pessoas abriam sorrisos automaticamente, como se aquilo trouxesse alguma alegria. Joaquina ficou conhecida assim: pessoa extrovertida, alegre, de bem com a vida. A pessoa que todo mundo queria por perto, e Joaquina ficava por perto.
Ela cresceu e continuou espalhando toda essa energia boa para todos que passavam por sua vida. Joaquina recebia, raramente, alguma energia do mesmo nível de volta. Às vezes recebia coisas boas, mas às vezes não, e ela seguia em frente, espalhando a solidariedade por aí.
Um dia, Joaquina chegou em casa, depois de dois dias fora. Sua roupa não estava tão alegre, tão colorida: era uma blusa preta abatida, calça jeans, e um tênis preto, levemente sujo de terra.
O semblante de Joaquina estava mudado: o sorriso não tomava conta naquele momento, e os olhos estavam inchados. No silêncio, subiu as escadas quase arrastando suas pernas, deixou a bolsa no corredor do quarto, e foi direto ao banheiro.
Por ali ficou por 3 minutos parada de frente ao Box. Logo se movimentou, foi até o chuveiro, ligou a água na temperatura mais quente possível, e, sem tirar uma peça de roupa, entrou de baixo daquela quentura.
A água quente caía sobre sua nuca, e Joaquina fechou os olhos. Começou a cantarolar alguma canção de infância. Imagino que era Escravos de Jó, canção que cantava em roda com a família. Depois da roupa estar toda encharcada a ponto de pesar sobre o corpo, foi tirando peça por peça, e deixando ali no canto do Box.
A felicidade que Joaquina tinha desde quando seu nome ‘engraçado’ foi dado não estava mais ali. A vibe boa, a compreensão, a felicidade tinham ido embora. Na água, encontrará um refúgio, uma fuga, para junto dela cair as lágrimas, sem que a casa e as paredes notassem a diferença.
Sobre o banquinho que se encontrava dentro do banheiro, a resposta: Uma nota do jornal, bem pequena, anunciando um roubo com homicídio, que acontecera dentro da casa de Joaquina, porém a pessoa assassinada fora seu irmão. Apenas um tiro na nuca que o levou para longe. Para Joaquina, em sua cabeça, o irmão sempre teve mais facilidade e menos cobrança na vida: quando queria sorrir, sorria; quando não queria, chorava ou ficava irritado, e mesmo assim, era amado por todos sem uma obrigação, diferente de Joaquina.
Como assim, Joaquina triste? Seu nome traz tanta alegria, traz algo engraçado, me lembra daquelas cantigas de Festa de São João, que os nomes inseridos nos personagens eram João, Maria, José, Joaquim, Francisca, Joaquina!
De pequena foi posto um rótulo que não conseguiu tirar por tantos anos, exatos trinta e quatro. E apenas naquela noite isso mudou, não porque queria, mas o instinto foi mais forte.
Joaquina permaneceu naquela água quente por cinco horas. Do breve alívio que a água trazia, começou a sentir mal, a pele já estava muito enrugada. Daquela forma mesmo, com o corpo nu, resolveu deitar naquele chão gelado, e teve um pequeno choque que a trouxe de volta a realidade.

Uns ganham, outros perdem, mas raros aqueles que têm a capacidade de não viver com tantas máscaras.

Seu irmão enquanto vivo fora alguém sem máscaras, alguém amado com seus defeitos e encrencas, mas amado. E Joaquina também o amou, como todas as outras pessoas. Agora o mundo e sua sujeira tiraram isso dela, e a única coisa que ela queria saber:

Aonde errei? Tentando sempre ser a melhor para mim e para os outros, afastando ao máximo todos os defeitos, e de volta recebo a morte, recebo a tirania, da pior forma possível.

Então adormeceu naquele chão, e acordou apenas com o primeiro raiozinho de sol que entrava pela janela. Levantou do chão frio, tomou outro banho morno, mas rápido. E voltou a rotina.
Mas Joaquina não era mais a Joaquina. Era uma Joaquina, uma que ninguém deixava despertar, que a responsabilidade de um nome tão alegre não deixava vir.
Era a mulher que perdera o irmão de forma trágica, e que ia curar isso com seu tempo, sem pressa do mundo, porque ele pouco se fode pra isso. O nome? Era apenas um nome, que serviu para assinar sua certidão de nascimento, e a próxima vez seria apenas para assinar sua certidão de óbito.

Pela primeira vez, seu nome não era importante, mas seus sentimentos eram.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Let's talk about sex!

- Mãe.
- Oi meu tesouro!
- Precisamos conversar, mãe...
- O que houve filha?
...
- Mãe, precisamos conversar sobre sexo!
- ... ah, ok, filha, imaginei que esse dia viria! Aliás, fico feliz que teve seu tempo certo pra conversar sobre...
- Mãe, eu não quero NUNCA na minha vida fazer sexo.
- ... Como assim?
- Não tenho vontade e acho nojento.
- Não sente atração por homens?
- Acho que não.
- Sente..... por mulher?
- Mulher?! Não, mãe! Nossa, isso não, bem... pelo menos nunca senti!
- Então...
- Sei lá, mãe. Queria conversar sobre isso: Quero que me aceite como sou: uma pessoa assexuada (imagino que eu seja). Não quero sexo, se um dia eu namorar, quero que a pessoa me ame primeiro ao invés de sentir tesão. Sexo deixou de ser algo para ser conquistado de forma elegante e com pureza, hoje é apenas um prazer, passageiro, fácil...muito fácil, e não gosto de conquistas fáceis, sem uma luta, um brilho...uma paixão. Não gosto de sexo!
- Mas filha, e filhos?!
- Eu adoto, faço inseminação.... forma é que não falta!
- E um rapaz minha filha, não pretende namorar nunca? Já está com 24 anos!
- Não tenho interesse pelas pessoas, mãe. Espero que me respeite por isso.
- Tem interesse pelo o que então?
- Tenho interesse pela minha felicidade.