(m.a)
Quando se trata de recomeçar, tudo vira um desafio.
Acham que é fácil tomar um novo rumo da vida, com novos
conceitos, novas pessoas ao redor... mas não é; ainda mais quando sai de uma
zona de conforto que durou anos.
Não é fácil e, além do mais, às vezes dói. Dói aceitar que
aquilo não é mais pra você, algo que antes você não conseguia visualizar fora
da sua vida, mas hoje não faz mais sentido e então você precisa seguir em
frente.
É como (brutalmente) abandonar uma droga. Te fez bem por um
tempo, te deu um certo prazer, mas chegou o momento em que começa a dificultar
sua vida, e ao notar que você pode não conseguir mais sair disso, toma a
decisão brusca em abandonar aquilo e recomeçar. Do começo, que fique claro. Aí
no começo você às vezes se debate, sente falta, uma ‘abstinência’ louca, sofre;
aos poucos nota que vai melhorando, mas as lembranças do que aquilo te fez
sentir vem à tona; mas melhora com o tempo, e quando digo tempo, não é um dia,
um mês...pode levar um ano ou mais.
O segredo (quem sou eu pra saber de fórmulas? Humilde
pobre-defeituoso humano... mas vamos lá!), diria, está no foco e na aceitação. Concordar,
primeiro, que tudo em que um dia começou termina, seja em poucos meses ou em
anos, seja por um fim de uma vida ou por não fazer parte mais daquele cotidiano;
termina. Saber também que o mundo não é tranquilo, que as coisas novas não
reaparecem assim em um estralar de dedos: às vezes pra recomeçar temos que ter
paciência (muita), e óbvio, não ficar sentado.
Ainda não imagino o que acontece quando concluí o recomeço e
se encaixa novamente em um lugar, em uma história; sabe-se apenas que se um dia
não fizer mais parte disso, que pelo menos permaneça uma coisa: o respeito, um
olhar para aquele fim de que ‘pelo menos me serviu algo de bom’, seja para
valorizar a vida, seja para saber que há coisas boas (ou más) no mundo. Mas de
tudo se aprende algo, e se errar, o recomeço está aí, com mais um oportunidade
de acertar (ou errar novamente, até acertar).
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