domingo, 17 de abril de 2011

a desconhecida.

"Sempre acreditei na bondade dos desconhecidos." (Um bonde chamado Desejo)


'A' de artigo definido mesmo, é como dá para defini-la. Não foi desconhecida por aí, foi definitiva. Eis aquele momento: Quando tudo está melancólico, quando o ócio te domina, quando a aceitação da perda toma conta da tristeza e juntas ficam felizes. Estava-se nesse momento então, no qual abandona todas as coisas simples e belas de lado por conta de coisas mais insignificantes ainda.
E ela surge, A desconhecida.

Para entender melhor, saía de uma sessão estética e ia já pagar a quantia quando deparei com ela: morena, olhos castanhos, o costume do que se ver. Uma pessoa normal, porém seu rosto tinha um formato tão exuberante, que para entender, é só imaginar aquele dia em que se anda pela cidade, e passa uma pessoa muito bela ao lado, e fica-se atordoado por tamanha beleza, porque cativa, mexe com alguma coisa. Ela, a desconhecida, tinha bem mais que essa beleza.
Ela estava sentada com a manicure, aí olhando-a melhor, reparei que ela não tinha um dos braços, provalvemente era de alguma causalidade infeliz. E lá estava fazendo a unha da mão que tinha: feliz, conversando, vivendo. Não a olhei por muito tempo, poderia perceber pensei, mas tentei olha-la de novo.

Bela, linda, aquela bendita tinha algum campo de energia que me atraía. Aquele sorriso, aquela satisfação nos olhos. Foda-se se sofreu algum acidente e dessa pena amputou um dos seus braços, mas ela ali estava bem mais viva, bem mais completa e inteira do que minha pessoa. Precisei ir embora, era tarde, mas fui com ela no pensamento, alias, eu ainda penso nela, me contagiou definitivamente definido, como o artigo A.

Não sei seu nome, gostaria de saber. Gostaria de vê-la, de sorrir para ela, de perguntar como se chamava e o que gostava de fazer. Gostaria de conviver com ela, de me sentir inteira como ela, de aprender com ela o verdadeiro significado da vida, que, aos meus 32 anos, pensava que aprendi, mas vejo que não sei de nada.

E o que aconteceu com a melancolia, com o ócio, com a tristeza que dominava? Permanece um pouco, mas a desconhecida fica em minha mente, o que melhora demais tudo a minha volta. Até uma simples caneta chega a ser magnífica! Incrível isso.

Se me perguntar se lembro de cada detalhe do rosto, minto falando que sim. Só lembro de um flash, mas a situação e aquela energia ficaram. E quando qualquer momento ruim bater em mim, vou lembra de tudo isso, como um colar de proteção.

Não sei se é de mim isso, mas o Sol das cinco da tarde está mais lindo como nunca esteve.


(mi autoria)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

aniversário

(de minha autoria)

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ... 
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... (A. de Campos)

Despertador toca todo dia às 7h da manhã. Todo dia a mesma rotina: Trabalho, estudos. Porém hoje seria diferente, ele não iria trabalhar: pediu folga, iria compensar as horas depois.
Levantou, espreguiçou com o máximo  de força até sentir alongado. Fazia já alguns raios de sol. Chover não chove, pensa, assim espero!
Se arruma no seu tempo, como se fosse trabalhar. Primeiro agradece à Deus por mais um dia, troca-se, faz o café, vê as notícias pela manhã, pega algumas sacolas com mantimentos e uma caixa, põe no carro, vai se despedir da mãe.

- Há essa hora acordado filho? Decidiu que ia trabalhar?
- Vou trabalhar hoje na fábrica não, mãe!
- Mas por quê acordou cedo então? Achei que folgaria para dormir mais, já que hoje é seu aniversário...
- Vou sair, preciso fazer alguns compromissos.

Ela sorri; ele apostou que aquele sorriso e olhar era de alguma lembrança que vinha na cabeça dela, alguma recordação dele pequeno.
- Feliz aniversário, meu filho, meu grande Lucas Evandro! parece que foi ontem, há 22 anos, que eu peguei você pela primeira vez no colo...

Os dois se abraçam. Ele a beija, e bom trabalho hoje mamãe! A noite nos vemos, vamos comer fora.
Abençoa-o, e ele sai de carro.

Fora um percurso longo, demorou 40 minutos para chegar ao destino: um sítio, com gramado alto a ponto de cobrir as pernas dos trabalhadores por ali. Bateu um nervosismo, e se não gostarem de mim? Mas tentarei. Respirou e seguiu em frente.
A casa do sítio era a mais rústica que poderia ser: pisando entre as madeiras, ouvia-se os ruídos ao redor, então Lucas se deparou com uma moça de óculos, saia rodada e longa, blusa estilo camiseta:
- Olá senhorita, procuro por dona Maria Teresa.
- Sou eu, e você quem é?
- Sou Lucas Evandro, nos falamos por telefone...
- Ah sim! Nossa, muito obrigada por vir...não sabe a satisfação que isso causa em nossa casa!
- Acredito....bem, onde estão as crianças e onde posso me trocar?
- Humm ok, para se trocar segue este corredor até o final, e já vou preparar as crianças no pátio.
.
E o seu clow surgi. Sr. Mister Boi, chamava. Nariz vermelho, roupa xadrez, chapéu e botina. Foi de encontro com as crianças. Espero que gostem, pensou! Saindo da tal caixa, trazia um mundo novo para aqueles órfãos. Passou aquela tarde fazendo piadas, brincadeiras e distribuindo doces. Levou algumas cestas básicas, e ajudou no preparo do café da tarde dos pequenos. A dona do recinto foi ao seu encontro durante o café:
- Não sei como agradecer, foi lindo! A energia das crianças, a animação. a harmonia... como posso retribuir?
- O sorriso em seu rosto e nos das crianças já vale por tudo isso! É bom receber esse tipo de elogio, essa harmonia, energia positiva. Não sabe o tanto que fez meu dia mais feliz.
E beijou a mão de Maria Teresa. Se aprontou, continuou conversando com os trabalhadores do sítio, despachando algumas sacolas com comidas, que estavam no carro de Lucas.
Já era tarde, umas 20h, quando chegou em casa. Na sala, estava sua mãe deitada, levemente sonolenta, no qual levantou correndo, arrumando uma mesa com bolo.
- Já estava preocupada menino! Mas enfim em casa...parabéns! Fiz um bolo de pêssego, como você gosta...
- Não precisa gastar essas coisas comigo, mãe. Sua presença basta...
- Fiz questão! Parabéns pra você, nesta data querida.
.
- Sinto falta das festas aqui em casa, quando você trazia seus amiguinhos...
- Crescemos, mãe, crescemos! Recebi umas mensagens durante o dia...
- Você foi fazer o que alias?
- Ver crianças no orfanato mãe, alegrar seus dias...
- No seu aniversário?
- Não há presente mais verdadeiro mãe, mais digno pra esse dia tão especial. Sabe, cansei de esperar das pessoas alguma coisa, poucos vão corresponder ao que queremos, mas quando se trata de colaborar com pessoas que não conhecemos, não existe sorrisos mais sinceros, ou críticas mais sinceras...o desconhecido é magnífico mãe, ajudar sem nada em troca me da a esperança que perdi sobre esse mundo.
- Gostaria de ter trazido com o tempo sua infância, para que aproveitasse esse dia pra você!
- E aproveitei mãe, estou até exausto! Bem...pra não dizer que não pensei em mim, trouxe algo para nós.
Foi até o carro e pegou uma caixa de pizza e uma garrafa. Como você gosta mãe, acompanhado de um vinho!
E passaram ali, em cima do terraço simples de sua casa, olhando as estrelas.
- Fico feliz meu filho, em ver que no seu aniversário, posso perceber o quão homem se tornou.
E ali permaneceram, admirando a lua redonda, gorda e branca, até dar a meia-noite e tudo voltar a sua rotina.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

(F)


Não teve como continuar meu dia cotidiano sem falar sobre isso. Ontem aconteceu mais uma tragédia no Rio, e não foi crime organizado nem nada do tipo, e sim uma 'chacina' que aconteceu em uma escola, matando 12 crianças, e o suícidio do próprio matador.
Não tem como não olhar essas notícias, e mesmo estando distante de nós, não pensar nessas crianças...para elas, era mais uma manhã indo a escola, logo seria sexta-feira, logo seria final de semana e simplesmente esse dia não chegou para elas por conta de algo tão absurdo...que não tinha como impedir ali e agora.
Não sei se sou só eu, mas nem chegamos na metado do semestre, e já apareceu tantos desastres, maioria causada pelo próprio ser humano ou no mínimo teve algo a ver com ele...me pergunto, onde vai acabar isso? Quando? Há quem diga que o fim do mundo é em 2012, segundo leitura dos Maias, mas já pararam pra refletir que o mundo já está acabando? Que não depende de leitura nenhuma, nem profecia, nem de nenhuma divindade religiosa para que isso aconteça: Nós, seres humanos, conseguimos isso sozinhos, seja na poluição, na intolerância, nas más influências a ponto de má formação psicológica de alguém...qualquer coisa: se o mundo está assim, é culpa nossa...de todos, sem exceção!
E infelizmente temos que de alguma forma seguir adiante com isso, com essa angústia, dor...mas ainda podemos fazer diferente, podemos sim! Depende de cada um de nós fazer sua parte como cidadão, seja ajudando ao próximo, ou colaborando com a natureza, sendo tolerante, benfazejo...
Tá, eu aqui sentada em frente a um computador não vai mudar muito, mas vo tenta nesse momento pelo menos expressar um pouco que to sentindo e incentivar, quem tiver pensando o mesmo que eu, mudar esse quadro crítico que se passa.
Não custa tentar...nem que seje um pouco por dia, tenta arrumar essa bagunça quem sabe, espero que não seje um sonho tão surreal.
Faço uma prece agora a todas as famílias, que neste ano e anteriores, sofreram alguma perda de ente querido por conta de qualquer eventualidade, que tenham força, fé; e para as pessoas que se foram, virem belos anjos, e nos guarde, nos guie para um rumo melhor.

Fiquem com Deus,
Beijos,
Mayara.